Eu poderia ter encontrado Gutierrez num bar qualquer de Havana. Talvez encostado num canto, observando as belas mulatas da cidade que ali se mostravam aos machos de plantão. Talvez com um cigarro na mão esquerda – ou quem sabe um charuto – e um copo de rum barato na direita. Talvez estivesse em Havana, talvez em Matanzas.
Mas eu encontrei Gutierrez num encarte de CD. Não tinha Noção de Nada, que veio de longe, e mesmo sendo bem bonito, pouco foi notado. Duvido que você tenha escutado este mesmo disco. Duvido que você tenha encontrado Gutierrez neste mesmo lugar que eu o encontrei.
O certo é que desde aquele dia eu nunca mais o abandonei. O vi muitas vezes, como quem vê um amigo bem próximo. E confesso que em certos momentos me cansei da sua conversa furada sobre sexo, rum e pobreza. Encheu o saco, mas jamais duvidei de cada palavra dita por ele.
E depois daquele dia, passei a encontrar muitos outros. Bukowski, Fante, Millôr, Mutarelli e até o Torero. São tantos caras, tantas conversas, que corro o sério risco de esquecer alguém. Me perdoem aqueles que não citei aqui.
E o bom de tudo isso é que, de certa forma, todos eles permanecem comigo. Estão como Gutierrez, bem próximos, ordenados até pelo nome pra não confundir ninguém.
Estão todos na minha pequena biblioteca. Ou te olhando bem ao alto desta singela página.