quarta-feira, 11 de maio de 2011

Comeu, pagou e não gostou


Podem me chamar de pobre, cretino, sem classe. Podem me julgar da maneira que acharem melhor. Mas nada, absolutamente nada do que você disser vai me convencer de que a chamada “alta gastronomia” é necessária ou representa alguma coisa de valor na nossa sociedade.

Dias atrás fui pra São Paulo com mais um monte de gente. Era praticamente uma excursão, mesmo que para alguns aquilo fosse trabalho em pleno sábado de sol, o que óbviamente não era meu caso. Eu estava ali pra passear, observar, curtir o dia.

Até que chegou a hora do almoço. Pra quem estava desde o dia anterior sem comer nada, já estava mais do que na hora de agradar o estômago. E de comum acordo – até porque a “excursão” era bancada pela empresa – entramos num restaurante chique da Alameda Lorena, nos Jardins.

Tudo muito fino, muito fresco, com o ar condicionado resfriando mais do que deveria, e um cardápio muito confuso. Não que eu seja escroto, mas as opções se baseavam em macarrão, carne de porco e frango, que obviamente ganhavam nomes como “carne suína”, “galeto” e “massas artesanais”. O preço é que não era diferente do que eu imaginava. Mais de 60 reais num prato com macarrão e frango, que convenhamos era muito bom, mais 5 reais de uma lata de Coca-cola e mais 10% de tudo isso, lógico.

Por mais ignorante que eu seja, eu sei que ali os produtos eram de qualidade. Sei que tem a mão de um cara que estudou pra fazer aquilo, que entende de gastronomia. Mas na verdade, na nossa realidade não só econômica, mas humana, quanto vale um prato de macarrão com frango?

Eu sei que ali estão em jogo diversos fatores. O prato em questão era o mais barato do restaurante, que tinha opções infinitamente mais caras. Sei também que o lugar é diferenciado, de alto valor e que um monte de gente faz questão de pagar por isso.

Não é demagogia, mas ver a conta no fim do almoço – cerca de 12 pessoas - e ter a certeza de que aquele valor era suficiente para 2 famílias de 4 pessoas comprarem todos os alimentos básicos do mês é no mínimo instigante.

Até onde vai a nossa luxúria? E a nossa gula? O que pessoas que freqüentam continuamente esses estabelecimentos pensam em relação ao mundo em que vivemos? (Até já sei a resposta).

Não é julgar, apontar o dedo. É simplesmente olhar, raciocinar e saber pra onde estamos indo com um pensamento assim.

Um bom almoço não precisa combinar com um preço exorbitante. Até porque, por mais que a gente se acostume a se esbaldar na “alta gastronomia”, a comida da mamãe sempre vai ser a melhor do mundo. E geralmente os ingredientes não são nada exóticos. Será que esses “ricaços”, por terem inúmeras empregadas em casa, nunca experimentaram uma boa comida da mamãe? Se for, é mais um motivo pra que eu discorde de todos eles.

2 comentários:

Camila Sanches disse...

Excelente reflexão, Lemão!!!!!

Henrique/presunt00 disse...

na falta do rango de casa ou aqui da empresa (é o mesmo minha mae cozinha nos dois kkkk) vai um belo rango do restaurante do alemao R$10,00 e vc come até infarta uma comida da hr e com vairas opções, ou vai ali no tempero manero que tambem eh legal, nada de coisa cara pra caramba, só as vezes um outback mas so as vezes.
belo texto cara, parabens dinovo
vamo toma uma sabadao?